Cairo – A África é vítima das mudanças climáticas, mas também é uma fonte importante de solução para o problema. Foi o que disse o enviado especial das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Mahmoud Mohieldin (foto acima), em conferência promovida no Egito nesta semana pelo Centro Egípcio de Estudos Econômicos. O evento teve como tema central a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, a COP27, que ocorrerá no país árabe em novembro.
Mohieldin é um egípcio Campeão de Ação Climática, que é como são chamadas as personalidades de países que recebem a COP para difundir o tema do meio ambiente. Mohieldin descreveu a situação que o mundo vive atualmente como a mais miserável desde a Segunda Guerra Mundial, com as condições de incerteza dominando o mundo e sem tendência para a cooperação global nos campos de comércio e de investimento. Segundo ele, a crise do coronavírus revelou e acelerou algumas mudanças, que são problemas que se estendem desde a crise financeira global de 2008. Ele falou que a mudança climática, mesmo em meio a crises, porém, também traz oportunidades de cooperação e convivência.
Mohieldin destacou que a África, embora não tenha sido a maior responsável pelas mudanças climáticas, é a mais afetada. Ele descreveu a região como uma vítima dessa situação já que é responsável por apenas 3% das emissões do planeta. Já Rússia responde sozinha por 4%, Índia por 8%, América por 16% e China 30%, segundo ele. O economista disse que a próxima COP deve dar espaço adequado para a África, não só no que diz respeito ao problema da adaptação às mudanças climáticas e financiamento, mas também como parte da solução global. Segundo ele, a região tem todos os recursos naturais para ajudar a solucionar a crise e proporcionar energia limpa, transformação digital e a 4ª Revolução Industrial.
O economista lembrou que o Egito e cinco países africanos am uma aliança para a produção do hidrogênio verde. Segundo ele, o continente africano está testemunhando grandes investimentos no setor da energias novas e renováveis. O egípcio citou um dos maiores projetos de energia solar do mundo, em Benban, Aswan, no Egito. Mohieldin falou que quer ver o Egito com o mercado de crédito de carbono criado, já que é um líder no Oriente Médio e Norte da África.
O que esperar da COP27
A ministra egípcia de Assuntos Ambientais, Yasmine Fouad, falou que várias regiões da África testemunharam nos últimos dez anos tempestades, secas e inundações 15 vezes maiores do que antes do ano 2010. Ela disse que as mudanças climáticas são um desafio global e que na COP27 deve ser implementado o que foi acordado na cúpula anterior, especialmente uma meta global para adaptação ao novo cenário. Segundo a ministra, o acordo deve estar ligado ao financiamento, compensando os países mais frágeis e vulneráveis às mudanças climáticas e duplicando o financiamento por meio de fundos internacionais, especialmente no continente africano, que tem dificuldades na área.
A ministra de Assuntos Ambientais enfatizou a necessidade de responder várias perguntas durante a próxima COP, como quais são os mecanismos para fornecer financiamento de US$ 100 bilhões aprovados pela cúpula de Copenhague para facilitar a transição verde e como fazer uma transição justa na área energética e reduzir as emissões industriais e petrolíferas. Ela também espera que seja apresentada alguma iniciativa e solução para agricultura e alimentação em nível internacional.