São Paulo – A Anuga Select Brazil, feira de alimentos e bebidas que se encerra nesta quinta-feira (10) na capital paulista, teve na atual edição a maior presença de países árabes, de acordo com Beni Piatetzky, diretor-geral da Koelnmesse Brasil, promotora da mostra. O executivo acredita que há espaço para aumentar essa participação em 2026. “O Brasil ainda é um campo muito aberto para negócios, tem muito espaço para negócios e a gente pode crescer muito mais”, disse.
Empresas árabes da Palestina, Arábia Saudita, Egito, Tunísia, Jordânia e Emirados Árabes foram expositoras da Anuga Select Brazil, oferecendo produtos como tâmaras, azeites, chocolates e temperos. Parte delas expôs nos dois pavilhões organizados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, um saudita e um palestino, e outras participaram de forma independente. Ainda a Fambras Halal, certificadora de produtos e serviços halal, que são os voltados para consumidores muçulmanos, teve estande na feira.
Confirmando a predisposição de Piatetzky, o vice-presidente de Relações Internacionais e secretário-geral da Câmara Árabe, Mohamad Mourad, afirma que a instituição tem planos de aumentar a participação dos expositores árabes na edição de 2026 da Anuga. “Toda participação em feira é um começo, é um primeiro o. No ano que vem eles voltam, voltam com ainda mais conhecimento de mercado, com mais volume e força. E a ideia é fazer pavilhões também de outros países árabes, como o Líbano”, disse o vice-presidente.
Piatetzky percebe a presença árabe como uma somatória de várias iniciativas. Além da própria vontade dos empresários virem, ele cita a ação dos representantes da feira nos países árabes, o trabalho com a Câmara Árabe e a Fambras Halal e o boca a boca entre os que participaram com bons resultados e as demais empresas. “O nome Anuga é muito forte”, afirma. A marca da feira é internacional, já que é realizada em vários países, e a edição da Alemanha é considerada a maior em alimentos e bebidas do mundo.
No pavilhão palestino, uma das participantes foi a Emirates Delights Food, que tem operações na Palestina, Emirados Árabes Unidos e Jordânia. Até a manhã desta quinta-feira, a empresa tinha fechado dois negócios na área de azeites e de tâmaras, essas últimas in natura, recheadas e cobertas de chocolates. De acordo com informações fornecidas à reportagem da ANBA pelo gerente Ahmad Ayobi, ainda faltavam, porém, os trâmites contratuais para o negócio ser totalmente concluído.
Mourad vê como resultado da participação árabe na Anuga a introdução de novos produtos da região no mercado brasileiro. “São produtos que antes não vinham para cá. Apesar de nós estarmos importando tâmaras de países árabes, nós não importamos da Palestina. Da Arábia Saudita, se importamos, importamos pouco”, afirma. Na outra ponta, ele vê que isso gera mais opções para os consumidores brasileiros em termos, por exemplo, de tâmaras de qualidade e de tipos diferentes. “É a oportunidade de você estar degustando novos produtos de países árabes que ainda não exportavam para o Brasil”, afirma ele.
Comentando as chances que os árabes têm de vender outros produtos no Brasil, além de tâmaras e azeites, o diretor-geral da Koelnmesse Brasil afirma que o mercado brasileiro é aberto e que, apesar de produzir de tudo, em função da diversidade e tamanho de população, pode comprar de tudo. “O Brasil é um campo completamente aberto para a importação”, afirma, recomendando, no entanto, que os exportadores árabes considerem o País um mercado para médio e longo prazos.
Segundo Piatetzky, o Brasil tem 90 mil supermercados e 28 milhões de pessoas vão a esses estabelecimentos para fazer compras no País todos os dias. “Então, quando você fala para um país árabe que você tem 28 milhões de consumidores por dia, é um potencial quase ilimitado”, afirma. Além disso, diferente de quase todos os países, onde o setor supermercadista está na mão de grandes empresas, cerca de 65% dos supermercados no Brasil são de pequenas redes. “Ele (o empresário árabe) pode vir e achar uma pequena rede de 10 lojas no Paraná para vender. Facilita começar o processo”, afirma.
Visitantes
A Anuga Select Brazil teve nesta edição, que ocorreu no Distrito Anhembi, 20 pavilhões nacionais e 17 internacionais, com a presença de 38 países entre os expositores. Falando à ANBA no manhã do terceiro dia de feira e ainda sem os números da Anuga fechados, Piatetzky disse acreditar que a participação bateria 16 mil visitantes. “Mas esse número, ele não é um número que realmente reflete o que a gente conseguiu, que é a qualidade”, disse, citando também algumas iniciativas que trazem visitantes qualificados para dentro da mostra, como as rodadas de negócios entre compradores convidados e expositores.