São Paulo – Importadores árabes que nesta semana participaram da feira de calçados Brazilian Footwear Show (BFSHOW) fecharam contratos com fabricantes que expam na mostra. Eles vieram ao Brasil a convite da organizadora da feira, NürnbergMesse Brasil, e do Brazilian Footwear, projeto setorial que é uma parceria da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). A mostra foi realizada entre a segunda-feira (19) e esta quarta-feira (21) no Distrito Anhembi, em São Paulo.
Um dos convidados para as rodadas de negócios que foram realizadas na feira foi o gerente de compras da Jamjoom Fashion, Muhammed Saheer. A empresa fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Nesta visita ao Brasil, Saheer negociou a importação de calçados para a marca Mihyar de moda masculina que tem 55 lojas na Arábia Saudita. A empresa importa calçados do Brasil desde 2016, reduziu as compras durante a pandemia e, nos últimos anos, retomou os negócios. Ele já viajou para o Brasil em 2016 e no ano ado, ocasião em que esteve na BFSHOW a convite, que se repetiu neste ano.
“O diferencial dos produtos do Brasil está no couro de grande qualidade, no design e inovação, que são muito diferentes em comparação ao que vemos em outras partes do mundo”, afirmou Saheer à ANBA nesta quarta-feira. Ele disse que há cerca de duas semanas estava na China, também em negociações de calçados, e que o produto brasileiro é superior. “É por isso que trabalhamos com o Brasil nos últimos dez anos”, disse.
Nesta agem pelo País, ele concluiu a compra de produtos de marcas brasileiras como Radamés e Andacco. “No ano ado, estive aqui na feira e fechamos negócios próximos a US$ 250 mil. Espero neste ano financeiro crescer mais 100%”, afirmou.
Saheer disse que o Brasil pode ser um parceiro comercial ainda maior da sua empresa e dos calçados no Golfo. Os homens sauditas utilizam as sandálias tradicionais do país, chamadas zubairi. A demanda, disse ele, supera os dez milhões de pares. O produto é feito no país do Golfo, mas não atende toda a demanda. “O Brasil poderia ser um grande parceiro para esse produto”, afirmou à ANBA.
Demanda específica dos clientes árabes
Para esse calçado já existe até um “modelo”: o príncipe e primeiro-ministro saudita Mohammed bin Salman. Aos 39 anos, ele é visto como um exemplo de renovação dentro do reino e até as peças de vestimenta que ele usa são inspiração para os clientes locais. Além dele, os astros do futebol que jogam na Arábia Saudita lançam tendências no país. Um desses exemplos é o atacante Karim Benzema, do Al Ittihad.
Diretor da Andacco, uma das parceiras de Saheer nos negócios, Benevenuto Arantes afirmou que a empresa considera os gostos dos países que compram seus calçados e que, entre os árabes, há uma forte demanda por sandálias. “Tentamos entender a cultura para adaptar o produto à necessidade deles. Como usam a vestimenta branca [chamada de thobe], os órios que os diferenciam são relógio, uma joia ou o calçado. E são fortemente influenciados pelo príncipe. Ele até nos trouxe o design [da sandália] dele”, disse.
A coordenadora de Negócios da Abicalçados, Paola Pontin, afirmou que trazer importadores de diversos locais é uma estratégia e uma parceria do projeto Brazilian Footwear e da NürnbergMesse Brasil. Neste ano, vieram 175 importadores de 30 países, dos quais quatro árabes de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbia e Kuwait. “Eles vieram para fazer negócios, para comprar. A tendência é ter resultados positivos”, disse Pontin, afirmando que para esta edição da feira vieram mais importadores do que na última edição. “Eles nos procuram durante o ano pedindo para participar”, afirmou.
Ela disse também que, além dos elementos de design e qualidade que Saheer citou como diferenciais do Brasil, o País leva vantagem sobre seus concorrentes internacionais por outros dois motivos: a ampla variedade de modelos de calçados que oferece e porque os produtores conseguem atender demandas específicas. “É uma característica das nossas fábricas. Temos desde empresas muito grandes até pequenas companhias que podem personalizar a entrega”, afirma, sobre produtores que podem entregar volumes de dez mil pares ou de apenas 200 pares, conforme a necessidade do cliente.