São Paulo – Depois da disputa pela liderança do Banco Central ter impactado a produção e a exportação de petróleo e, consequentemente, o crescimento da Líbia no ano ado, o país árabe tem perspectiva de melhoria econômica neste ano, atrelada ao desenvolvimento do setor petrolífero, segundo panorama apresentado em relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira (16).
“O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) deverá se recuperar em 2025, impulsionado principalmente pela expansão da produção de petróleo, antes de apresentar moderação no médio prazo”, informou o fundo em declaração formulada após uma visita de equipe da instituição à Líbia.
No ano ado, o FMI estima que a produção de petróleo tenha se contraído, mas o recuo no setor foi compensado parcialmente pela expansão das atividades não petrolíferas, impulsionadas por gastos do governo. Atualmente, depois da resolvida a disputa em torno do Banco Central, a produção de petróleo da Líbia se situa em 1,4 milhão de barris por dia, segundo o organismo.
Apesar de terem ajudado a aquecer a economia no ano ado, os gastos públicos são um desafio para o equilíbrio fiscal do país. Com essas despesas aumentando em meio à paralisação da produção e exportação de petróleo e com as importações inalteradas, o FMI estima que o saldo em conta corrente tenha saído de grande superávit em 2023 para déficit em 2024. As reservas internacionais, no entanto, seguem em nível confortável, com reavaliação de reservas em ouro pelo Banco Central Europeu.
No começo deste mês, o Banco Central da Líbia desvalorizou a moeda local, o dinar, em 13%, o que reforçou ainda mais as restrições cambiais e aliviou as pressões sobre as reservas. O FMI recomenda que as autoridades reduzam a diferença entre as taxas de câmbio oficial e paralela, inclusive eliminando gradualmente o imposto cambial e flexibilizando as restrições cambiais, ao mesmo tempo em que protegem as reservas internacionais.
O Fundo Monetário Internacional sugere, na ausência de instrumentos convencionais de política monetária, o controle dos gastos fiscais como resposta preferencial da Líbia para sua economia. Mas o organismo entende que, dada a instabilidade política e a fragmentação institucional da Líbia, lidar com as pressões sobre os gastos pode não ser viável a curto prazo.
O relatório do FMI também traz informações sobre outros indicadores da economia, como a inflação, que se situou na casa dos 2% em 2024, refletindo subsídios dados pelo governo e problemas de medição, segundo organismo. Bens e serviços subsidiados representam cerca de um terço do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Líbia, segundo o fundo.
O FMI afirma ainda que o setor bancário da Líbia aumentou seu capital com sucesso e aprimorou suas métricas de solidez financeira, recomenda que o país siga com os esforços para estabelecer um orçamento unificado, que o governo também promova a diversificação econômica fundamental para o setor privado e que sejam feitas as reformas de governança para apoiar o crescimento sustentável.
Apesar de informar que o avanço econômico do país em 2025 deverá novamente atrelado ao setor petrolífero, o FMI estima o crescimento dos setores não relacionados a hidrocarbonetos permanecerá em torno de sua média de 2021 a 2024, que foi entre 5 % e 6%. Esses percentuais devem se manter ao longo do horizonte, apoiado por gastos governamentais sustentados.
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