São Paulo – Em 2015, quando o assunto ESG ainda não despertava o interesse de tantos investidores, a BRF foi a primeira empresa brasileira a captar recursos no exterior com a emissão de green bonds — os títulos de dívida destinados a projetos de sustentabilidade. “Estratégias ESG e sustentabilidade estão enraizadas em nossa cultura”, disse Lorival Nogueira Luz, CEO global da BRF, durante bate-papo entre CEOs do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O executivo afirmou que a empresa é a única do setor de alimentos presente no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa e citou dez ações da estratégia ESG (ambiental, social e governança) da BRF, entre as quais ser signatária do Pacto Global da ONU desde 2017, implementar programas de tecnologia para o campo, retirar antibióticos promotores de crescimento de animais e educar a sociedade a evitar o desperdício de alimentos.
Ao falar sobre o uso racional de energia, Luz destacou que 93% do consumo de energia já vêm de fontes renováveis. “Nosso compromisso é, nos próximos anos, contar com geração própria de energias renováveis”, afirmou o executivo, acrescentando que hoje mais de 31 mil hectares de florestas servem como fonte de energia renovável das fábricas e auxiliam na regulação climática.
Presente no mundo árabe há quase 50 anos e com fábrica em Abu Dhabi desde 2014, a BRF também deu um o importante ao ar a reutilizar 100% da água de sua operação nos Emirados Árabes Unidos. “A economia equivale a 72 mil metros cúbicos por ano”, disse Luz.
Do outro lado do globo, a DP World, multinacional de serviços portuários e marítimos dos Emirados Árabes Unidos presente em 50 países, também trouxe práticas sustentáveis ao iniciar suas operações no Porto de Santos, em 2006. “Nosso terminal é uma referência em desenvolvimento ambiental”, disse Dallas Hampton, CEO da DP World Santos. “Temos diversos projetos nas áreas de meio ambiente e educação, a fim de engajar toda a comunidade.”
De acordo com Hampton, os investimentos superam R$ 12 milhões em preservação de manguezais e do meio ambiente e R$ 6 milhões em educação para beneficiar mais de 13 mil alunos de escolas municipais com computadores, hardwares e softwares. “Também temos grupos que trabalham com ONGs hospitalares da comunidade local”, disse.
Entre as metas globais da DP World estão capacitar dois milhões de jovens de mais de 45 países até 2050 e, nessa mesma data, zerar as emissões de carbono. A empresa também investe na proteção dos oceanos e limpeza das praias, tendo dedicado mais de dez mil horas de seus colaboradores em mutirões para coleta de resíduos plásticos da beira do mar.
A conversa entre os CEOs foi mediada pelo diretor da Câmara Árabe, Daniel Hannun.
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*Reportagem de Camila Balthazar, especial para a ANBA.