São Paulo – O volume de produtos importados em venda nos supermercados brasileiros vem crescendo e a medida do governo brasileiro de isentar de imposto de importação de uma gama de alimentos é bem-vinda pelo setor, de acordo com percepção da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
A entidade, representante dos supermercados do estado, promove esta semana, na capital paulista, a feira Apas Show, que entre os cerca de 900 expositores tem mais de 250 empresas estrangeiras de 22 países. Porta-vozes da Apas falaram à imprensa nesta terça-feira (13) sobre as tendências no segmento.
“O que nós temos observado é que o volume e a participação dos importados têm aumentado e cada vez mais o setor tem buscado ter produtos específicos (do exterior)”, disse o economista-chefe da Apas, Felipe Queiroz na coletiva. Queiroz afirma que há lojas e segmentos, entre os supermercadistas, que, inclusive, têm know-how em determinados produtos importados, inclusive os árabes.
O diretor de Marketing, Vendas e Novos Negócios da Apas, Fabiano Benedetti, relata uma busca constante da associação com as autoridades para que seja facilitada a entrada de importados no Brasil. “A gente tem uma infinidade de empresas que ainda quer entrar no Brasil e aí a gente precisa incentivar e colocar as autoridades para facilitar isso”, disse. Segundo ele, o importado pode ser diferencial no supermercado. “Ele tem um produto que poucos têm e aí consegue fidelizar melhor os seus clientes por aquela compra”, diz.
Sobre a isenção do imposto de importação, Queiroz lembrou que ela não atende toda cadeia de alimentos, mas que para as atendidas é muito positivo. O governo brasileiro zerou, em março, a tarifa de importação de uma cesta de alimentos que estavam com preços muito altos, entre eles alguns importados do mundo árabe, como sardinha e azeites, além de carnes, café, açúcar, milho, biscoitos, óleo de girassol e massas.
A isenção pode ser oportunidade de que os brasileiros em produtos de novas origens, segundo descrição de Queiroz. “Vou citar o exemplo do azeite. O azeite teve zerada a alíquota e nós conhecemos muitos azeites do Mediterrâneo do lado Norte, Portugal, Espanha, Itália, mas esquecemos do azeite do lado sul do Mediterrâneo. Marrocos e Argélia, por exemplo, têm azeites muito bons e são produtos que estão num crescimento exponencial no mercado brasileiro. Até grandes redes estão investindo nesses produtos dessa parte do Mediterrâneo”, afirmou o economista.
Queiroz afirma que a isenção do imposto de importação favorece não somente os supermercados. “Nós entendemos que é uma medida bem-vinda, contribui não apenas para o setor, mas sobretudo para os consumidores, que têm a possibilidade de escolher mais produtos com um custo menor e diversificar ainda mais a sua cesta de consumo”, afirmou ele. A medida é temporária e pretende ajudar a diminuir os preços.
Mudanças climáticas
A alta nas cotações da maioria desses alimentos tem relação com outra tendência do varejo citada pelos especialistas da Apas. Trata-se de uma transformação nos hábitos do consumidor ocasionada pelas mudanças climáticas. Com o clima mais extremo causando perdas nas safras e afetando a disponibilidade e os preços dos alimentos, os consumidores optam por substituir produtos e marcas.
Segundo pesquisa da Apas, apresentada com CEO da Scanntech Brasil, Thomaz Machado, 95% dos consumidores brasileiros entrevistados percebem alterações nas ofertas de produtos em função de fatores climáticos. O levantamento aponta que 64% dos compradores já substituiu marca ou produto em função da alta de preços. Os mais substituídos foram café, carne bovina, ovos, azeite, leite, frutas, óleo de girassol, chocolate, óleo de soja, frango, peixe, carne suína, suco de laranja e azeitonas.
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