Túnis – Na medina de Túnis, cidade antiga da capital da Tunísia, uma instalação de parede com o nome de “1001 Bricks” ou “1001 Tijolos” mostra o talento de artistas invisíveis do país árabe, como estudantes de artes, pessoas com deficiência ou que abandonaram a escola.
O projeto é liderado pela artista suíça Anne y e foi desenvolvido durante um ano por meio de oficinas que culminaram na conclusão da obra de arte: um grande relevo aplicado na parede e feito de tijolos de barro esculpidos e pintados, reimaginando a paisagem urbana.
A obra artística coletiva agora enfeita uma praça no centro histórico da capital tunisiana, um local que é classificado como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde a década de 1970.
A líder do projeto afirma que os principais criadores dessa obra são os invisíveis. “Todas essas pessoas que estão à margem da sociedade, que têm deficiência”, disse sobre os participantes, complementando ainda que “costumamos deixá-las nas sombras e não reconhecê-las realmente”.
O projeto envolveu 550 participantes, incluindo profissionais de arte, estudantes e membros da Associação Geral de Pessoas com Deficiência Motora (AGIM). Mohamed Boulila, instrutor do AGIM, disse que os que contribuíram com a obra deixaram um toque pessoal.
Cidade metafórica
Uma professora que trabalha há bastante tempo na AGIM, Samia Souid, afirmou que a iniciativa teve impacto positivo junto aos jovens. Segundo ela, as crianças que não conseguem falar também puderam expressar seus sentimentos por meio do projeto.
Cada grupo de participantes teve que criar uma cidade metafórica e a partir dela produzir esculturas com tijolos no estilo da arte contemporânea. Os integrantes da AGIM focaram nos desafios urbanos para realizar o trabalho. O projeto teve apoio de uma fundação suíça e usou tijolos de barros por causa da disponibilidade do material e do seu amplo uso na construção civil da Tunísia.
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A iniciativa é uma continuidade do projeto artístico “1001 Mãos”, criado em 2019 por y para mostrar histórias que se cruzam infinitamente. A suíça conta como é raro e difícil, em escala global, desenvolver projetos de arte participativa, uma vez que desafia a tradição de como as artes são feitas, de cima para baixo. Segundo y, a instalação ajudou a misturar criações de pessoas de todas as classes sociais.
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