São Paulo – O atacante do Liverpool Mohamed Salah é um dos craques árabes do futebol atual, mas não o único. Zizo, também do Egito, e Brahim Díaz, do Marrocos, são outras estrelas em seus clubes em meio a revelações de Tunísia, Líbia e Palestina.
A pedido da ANBA, o comentarista de futebol da CazéTV e integrante do projeto Ponta de Lança, com ensaios e textos sobre esporte, cultura e política na África, Marcus Carvalho, indicou alguns dos principais jogadores árabes da atualidade. Também comentou sobre quais são as seleções que podem se destacar até na Copa do Mundo de 2026 e qual técnico árabe está surpreendo pelo trabalho que realiza.
Sobre Salah, Carvalho lembrou que ele é a referência do Liverpool dentro de campo e se destaca na liga de futebol mais competitiva e valiosa do mundo: a Premier League, do Reino Unido. “Ele tem números gigantescos nesta temporada, bateu recordes atrás de recordes e vai construindo essa história no Liverpool”, diz, comentando que Salah é quase um “dono” do Liverpool por ser referência em campo. O meia Zizo também é um destaque entre os egípcios, diz Carvalho, sendo um dos principais jogadores do Zamalek, um dos principais times do país do Norte da África. “No Egito, também destacaria o [Emam] Ashour, bom jogador do Al Ahly, campeão de tudo com o Al-Ahly”, diz.
Da Tunísia, Carvalho destaca o meia do Burnley, da Inglaterra, Hannibal Mejbri. Da Líbia, diz o comentarista, o zagueiro Ali Youssef tem capacidades além de defender, pois é forte também no jogo ofensivo. Entre os sauditas, ele cita o meio-campista Mohammed Kanno, que atua no Al Hilal, da Arábia Saudita, e Salem Al-Dawsari, meia do Al Hilal e da seleção. A Palestina, diz Carvalho, também tem um talento: o atacante Wessan Abou Ali.
Os principais destaques individuais com a bola nos pés, hoje, são do Marrocos, afirma o comentarista. Um deles é Bilal Nadir, meio-campo do Olympique de Marseille. “É um monstro jogando”, diz, afirmando que o atleta já foi convocado para jogar pela seleção principal do Marrocos. “O Marrocos tem muitos craques, tem o Brahim Díaz [meia-atacante do Real Madrid], tem o Hakimi [lateral-direito do Paris Saint Germain], tem o El Kaabi que foi sensação na temporada europeia sendo campeão com o Olympiakos [ao vencer a UEFA Conference League]. Acho que o Marrocos é o mais bem servido de jogadores”, afirma.
O Marrocos, diz Carvalho, vai além: tem um craque até na beira do campo, o técnico da seleção marroquina Walid Regragui. “Faz um trabalho sensacional, eu diria que é o grande técnico árabe. Podemos colocar desta maneira”, afirma.
Ao definir Regragui como “o cara”, Carvalho afirma que o fato de o Marrocos despontar como um país com bons jogadores, bom técnico e com uma seleção forte não é fato isolado. O país tem investido no esporte desde as categorias de base, tanto no masculino como no feminino, e está colhendo os resultados deste investimento. Tal é a força do Marrocos hoje que, dos últimos dez jogos que a seleção disputou, ganhou os dez.
“Marrocos nem podemos mais colocar como status de surpresa. Vai me surpreender se o Marrocos não ar de fase, se cair precocemente no mundial”, afirma sobre as perspectivas para a Copa do Mundo ao dizer também que, se há uma seleção com potencial de chegar a uma final em uma edição do tornio, essa seleção é a marroquina.
Destaques coletivos
Dentro ou fora da Copa do Mundo, ele afirma que Líbia e Sudão têm apresentado bons resultados coletivos, e que Egito e Marrocos despontam como seleções mais fortes entre os árabes, com Emirados Árabes Unidos e Catar ainda se formando, pois são países em que os laços com o futebol são mais recentes.
Para além do desempenho em campo, porém, Carvalho entende que há uma questão política no processo de formação dos jogadores e, por consequência, das seleções. É o que ele chama de contra êxodo, que é o retorno de jogadores árabes de nascimento ou ascendência para seus países de origem após o fim de conflitos e imes políticos.
“Países com guerras, condições de vida muito ruins, que têm uma independência muito jovem acabaram perdendo os pais desses jogadores, que vão viver na Europa, vão viver em outros lugares e eles se identificam com outros países, nascem lá, crescem nas culturas de lá e começam a jogar por outros países. Agora não, estamos vendo esse contra êxodo, estamos vendo jogadores de ascendência voltarem”, observa. Um exemplo é o egípcio Zizo, que poderia estar em um time europeu, mas optou por jogar no Egito.
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