Por Sheikh Ali Momade*
O Ramadã, mês sagrado da religião islâmica, começa na noite desta sexta-feira, 28 de fevereiro, e se encerra na noite de domingo, 30 de março. Este período, que corresponde ao nono mês do calendário islâmico, é o mais sagrado para os muçulmanos em todo o mundo, marcando um tempo de jejum, oração, reflexão e práticas de caridade.
De acordo com a tradição islâmica, foi durante o mês do Ramadã que os primeiros versos do Alcorão, o livro sagrado do Islã, foram revelados ao profeta Muhammad (paz de Deus esteja com ele) pelo anjo Gabriel, marcando o início da sua missão profética.
Durante o Ramadã, os muçulmanos saudáveis, que atingiram a puberdade, praticam o jejum abstendo-se de comida, bebida e relações sexuais do nascer ao pôr do sol. O jejum é interrompido diariamente com o iftar, a refeição que, tradicionalmente, começa com o consumo de tâmaras e água. Essa prática segue o exemplo do profeta Muhammad (paz de Deus esteja com ele), que costumava quebrar o jejum desta forma. As tâmaras contêm açúcar, gordura, proteínas, fibras e vitaminas (A, B1, B2, C) vitais para a recuperação rápida da energia do corpo.
O significado do Ramadã vai além do jejum. É um tempo de maior conexão com Deus, purificação espiritual e fortalecimento dos laços comunitários, um período em que são enfatizados, também, valores como empatia, generosidade e gratidão. O jejum não é apenas uma abstinência física, mas também um exercício de disciplina emocional e espiritual, incentivando a paciência, o perdão e a solidariedade com aqueles que enfrentam dificuldades.
Independentemente da crença religiosa, o Ramadã traz princípios que podem inspirar pessoas de todas as fés. Elenco alguns deles abaixo:
- Incentivo à autorreflexão e ao autocontrole, algo que pode ser aplicado à vida cotidiana, promovendo hábitos mais conscientes e saudáveis;
- Ênfase na caridade e na empatia, o que reforça a importância de ajudar o próximo e fortalecer laços de solidariedade em tempos desafiadores;
- Incentivo à reconexão mais profunda com o que realmente importa: a família, a espiritualidade e o bem-estar coletivo.
Independentemente de tradição ou religião, este mês sagrado oferece uma oportunidade para que todos reflitam sobre suas próprias práticas e sobre como podem contribuir para um mundo mais solidário e harmonioso.
* O Sheikh Ali Momade tem licenciatura em Letras (Árabe e Espanhol) e em Literatura, é mestre em Ciências Sociais e doutor em Sociologia Política. É também auditor religioso da certificadora FAMBRAS Halal.