Agência Brasil
Cartagena (Colômbia) – A próxima reunião da Organização Internacional do Café (OIC) acontecerá no Brasil. O governo brasileiro ainda não definiu a data, mas segundo o assessor especial do Ministério da Agricultura, Robério Silva, o encontro que discutirá os rumos do setor cafeeiro mundial ocorrerá em Salvador, na Bahia.
"Até lá, vamos trabalhar mais para melhorar o marketing do grão, que a por uma das piores fases da história do setor", disse Robério, um dos responsáveis por políticas de estímulo ao marketing do café.
Uma das propostas apontadas pelos principais países produtores como alternativa à crise do grão é a implementação de novos programas de qualidade do produto final. Também está prevista maior interação entre indústrias e produtores de café para a busca de soluções que remunerem melhor o produtor, sem prejudicar o mercado das torrefadoras.
Parceria com a Colômbia
Além disso, os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Álvaro Uribe, pretendem liderar um movimento na OIC para tentar amenizar a crise que se alastra pelo setor. Segundo dados do Ministério da Agricultura do Brasil, os produtores de café ficavam há 20 anos com 19% de todo o resultado da cadeia produtiva, enquanto atualmente este mesmo grupo tem o a apenas 7% dos recursos.
Na tentativa de reduzir esta queda na remuneração, uma das metas dos dois governos é incentivar outros produtores do grão – como Costa Rica, Cuba, Guatemala, Índia, México, Peru, Venezuela e Tailândia – a buscar uma solução para os baixos preços no mercado internacional e para o crescente índice de desemprego no setor. "Precisamos discutir a fatia do bolo que cada um vai comer a partir de agora. Quem está comendo o bolo menor certamente é o produtor e o trabalhador", disse Lula ontem (16), após a abertura das comemorações dos 40 anos da OIC, em Cartagena.
Uribe também foi duro nas críticas ao atual sistema de remuneração dos produtores que vivem da atividade. "Queremos evitar a ruína de 100 milhões de produtores de café no mundo", afirmou o presidente colombiano, alegando que a adoção de políticas de estímulo pode evitar que produtores de café deixem de plantar o grão para produzir coca ou papoula.
"Precisamos reunir indústria e produtores para discutir como resolver este problema", afirmou Lula. "Hoje é para salvar os produtores. Amanhã, para salvar os tostadores", completou Uribe.